Ao decidir colocar a cidade de Natal na Copa do Mundo, o governo potiguar deparou-se com um desafio: construir uma arena auto-sustentável. O futebol local não tem grande apelo e, portanto, passada a festa do Mundial não seria possível pagar o alto investimento apenas com a bola rolando.
Por causa disso, ao planejar a construção da Arena das Dunas foram levadas em consideração não só as exigências da Fifa, mas, entre outros detalhes como localização, capacidade pós-Copa e atrações extras que pudessem dar ao equipamento ocupação quase permanente. Também se pensou em projetar algo marcante, que se inserisse na bela paisagem da região.
"Nasceu’’, assim, a Arena das Dunas, cujo formato lembra... uma duna! "Olha, tenho certeza de que nossa arena será a mais bonita de todas as que estão sendo erguidas’’, diz, convicto, Demétrio Torres, o secretário extraordinário para a Copa no Rio Grande do Norte, sem se importar em esconder a corujice.
O projeto do estádio, feito por um escritório de arquitetura brasileiro e outro americano, de fato impressiona. As formas assimétricas de sua cobertura, em que os 20 blocos, ou pétalas, são separados, lembram as ondulações das dunas. E o material utilizado, um polímero transparente, proporciona conforto aos espectadores, pois deixa passar quase totalmente a luz natural, mas "segura’’ o calor.
E vale lembrar que Natal também é conhecida por seu clima quente, embora seus ventos fortes amenizem o calor e sejam fundamentais para formar as montanhas de areia que são a maior atração do lugar - e a grande inspiração para a arena.
Local estratégico. Localização do equipamento não foi problema e, sim, solução. A Arena das Dunas está sendo erguida no mesmo lugar onde ficava o antigo estádio Machadão, que foi demolido, por questão histórica mas, principalmente, estratégica.
"A arena fica no centro geométrico de Natal e num bairro de classe média alta. Tem a melhor condição de acesso de toda a cidade, quase 80% das linhas de transporte público passam ao lado da arena, pelo norte ou pelo sul’’, enumera Demétrio Torres, arrematando: "A questão da localização é que vai viabilizar efetivamente a arena.’’
O raciocínio é simples: um ponto moderno e de fácil acesso, que poderá ser usado para shows, feiras, exposições, terá lojas diversas e 16 restaurantes, entre outros atrativos, vai ter ocupação constante e, por consequência, se tornará autossustentável financeiramente.
Esse também é o argumento utilizado para rebater as previsões de que a Arena das Dunas se transformará em um elefante branco. Outra medida para evitar riscos, dizem os potiguares, será a redução da capacidade, de 42 mil para 32 mil depois da Copa do Mundo.
"Foi feita uma avaliação econômica e verificou-se que a arena com 42 mil lugares seria grande para Natal. Então, teremos dez mil provisórios’’, explica o secretário da Secopa. "Essa foi a forma de obter a viabilidade econômica da obra, que era uma exigência do BNDES para liberar o financiamento.’’
A arena está sendo erguida por meio de uma parceria público-privada e seu custo oficial é de R$ 400 milhões, segundo a Secopa (o TCU calcula R$ 417 milhões). O governo estadual começará a pagar a contrapartida à Construtora OAS - responsável pela construção, operação e manutenção da obra - em 2015. Serão 20 anos de compromisso e o valor total a ser desembolsado deve chegar a R$ 1,2 bilhão.
"É como a compra de um apartamento na chave. No fim, o valor pago não é igual ao valor à vista, porque os juros estão embutidos nas parcelas, que são fixas. A diferença é que no caso da PPP o contrato é feito antes de o imóvel ficar pronto", diz Demétrio Torres.
Preocupação ecológica. A Arena das Dunas também tem grande preocupação com a sustentabilidade. A água será reaproveitada, vai ser feita captação de energia por painéis solares, e um espaço de convivência para a população. Por causa disso, os potiguares acreditam que pelo menos um título estará garantido para o Estado em 2014: o de detentor da arena mais verde da Copa.
fonte:defato.com
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