terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ANGICOS: EMOÇÃO NO ENCONTRO DE PEDAGOGOS COM EX-ALUNOS DE PAULO FREIRE


Há 50 anos agricultores de Angicos participaram de experiência pioneira com o educador Paulo Freire. Denominada “40 horas de Angicos”, a experiência trouxe a proposta de alfabetizar jovens e adultos. Neste sábado, 23, os participantes da Pedagogia Freireana, hoje com uma média de idade acima de 70 anos, se encontraram com pesquisadores brasileiros e estrangeiros participantes do I Seminário Internacional Diálogos com Paulo Freire, realizado na quinta e sexta-feira em Natal. A ideia foi promover uma roda de conversa entre os ex-alunos e os pesquisadores.
O encontro, marcado pela emoção, proporcionou aos pesquisadores conhecer a cidade e os principais atores da primeira experiência Freireana. “É um imenso prazer poder receber essa importante comitiva, proporcionando, dessa forma, esse encontro que é de grande importância para quem se interessa pela obra do educador Paulo Freire”, ressaltou a professora da UFERSA Angicos e coordenadora do Grupo de Estudos Paulo Freire: Gnoseologia, Realidade e Educação, Dra. Rita Diana Gurgel.
Na ocasião, os professores e pesquisadores da área de educação popular Alba Pereyra Lanzillotto, da Argentina; Cármem das Dores de Jesus Cavaco, de Portugal e, Mariano Alberto Isla Guerra, de Cuba, além dos pesquisadores brasileiros do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Natal (UFRN), participaram de uma roda de conversa com os ex-alunos das “40 horas de Angicos”.
Durante o encontro, os pesquisadores quiseram saber sobre a experiência com o educador há 50 anos. Puxando pela memória, os ex-alunos relataram como aconteciam as aulas, o ambiente e a importância do projeto que possibilitou a alfabetização dos agricultores. O projeto representou a única oportunidade de aprendizagem escolar dos idosos. Para a maioria dos ex-alunos, ter aprendido a assinar o nome foi a maior conquista.
Segundo os idosos, as dificuldades vivenciadas naquela época, 1963, eram obstáculo para o aprendizado. “Trabalhava o dia todo no sol e a noite ia assistir as aulas, numa sala iluminada por um lampião”, revelou um dos ex-alunos. Outra lembrou que o educador, além de ensinar a ler e escrever, mostrava o sentido dela. “Tijolo é feito de barro, de onde vem o barro, pra que serve a casa, temos casa para morar?”. Essas eram algumas perguntas em sala de aula, revelou, ficando constatada a formação da consciência crítica proporcionada pela pedagogia Freireana.
Além de propor a alfabetação dos agricultores, o projeto também proporcionava ensinamentos sobre política. “Na aula a gente ficou sabendo que faz o vereador, o prefeito, o deputado e o presidente”, afirmou Maria Pureza da Silva, que aprendeu a escrever o nome e revelou a importância do voto. “Ainda hoje faço questão de votar”, reforçou.

fonte do blog de carlos costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário