Há 50 anos agricultores de Angicos participaram de experiência pioneira com o educador Paulo Freire. Denominada “40 horas de Angicos”, a experiência trouxe a proposta de alfabetizar jovens e adultos. Neste sábado, 23, os participantes da Pedagogia Freireana, hoje com uma média de idade acima de 70 anos, se encontraram com pesquisadores brasileiros e estrangeiros participantes do I Seminário Internacional Diálogos com Paulo Freire, realizado na quinta e sexta-feira em Natal. A ideia foi promover uma roda de conversa entre os ex-alunos e os pesquisadores.
O encontro, marcado pela
emoção, proporcionou aos pesquisadores conhecer a cidade e os principais atores
da primeira experiência Freireana. “É um imenso prazer poder receber essa
importante comitiva, proporcionando, dessa forma, esse encontro que é de grande
importância para quem se interessa pela obra do educador Paulo Freire”,
ressaltou a professora da UFERSA Angicos e coordenadora do Grupo de Estudos
Paulo Freire: Gnoseologia, Realidade e Educação, Dra. Rita Diana Gurgel.
Na ocasião, os professores e
pesquisadores da área de educação popular Alba Pereyra Lanzillotto, da
Argentina; Cármem das Dores de Jesus Cavaco, de Portugal e, Mariano Alberto
Isla Guerra, de Cuba, além dos pesquisadores brasileiros do Rio de Janeiro, São
Paulo, Pernambuco e Natal (UFRN), participaram de uma roda de conversa com os
ex-alunos das “40 horas de Angicos”.
Durante o encontro, os
pesquisadores quiseram saber sobre a experiência com o educador há 50 anos.
Puxando pela memória, os ex-alunos relataram como aconteciam as aulas, o
ambiente e a importância do projeto que possibilitou a alfabetização dos
agricultores. O projeto representou a única oportunidade de aprendizagem
escolar dos idosos. Para a maioria dos ex-alunos, ter aprendido a assinar o nome
foi a maior conquista.
Segundo os idosos, as
dificuldades vivenciadas naquela época, 1963, eram obstáculo para o
aprendizado. “Trabalhava o dia todo no sol e a noite ia assistir as aulas, numa
sala iluminada por um lampião”, revelou um dos ex-alunos. Outra lembrou que o
educador, além de ensinar a ler e escrever, mostrava o sentido dela. “Tijolo é
feito de barro, de onde vem o barro, pra que serve a casa, temos casa para
morar?”. Essas eram algumas perguntas em sala de aula, revelou, ficando
constatada a formação da consciência crítica proporcionada pela pedagogia
Freireana.
Além de propor a alfabetação
dos agricultores, o projeto também proporcionava ensinamentos sobre política.
“Na aula a gente ficou sabendo que faz o vereador, o prefeito, o deputado e o presidente”,
afirmou Maria Pureza da Silva, que aprendeu a escrever o nome e revelou a
importância do voto. “Ainda hoje faço questão de votar”, reforçou.fonte do blog de carlos costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário