quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Agricultores do Rio Grande do Norte conhecem experiência no Sertão pernambucano

Mariama Carmem - comunicadora popular da ASA


Com o objetivo de promover multiplicações de experiências de convivência com o Semiárido, a Coopervida, realizou, nos dias 11 e 12 de fevereiro, no município de Vertentes, em Pernambuco, um intercâmbio interestadual com as famílias beneficiárias do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) do município de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Os agricultores tiveram a oportunidade de conhecer a experiência de famílias que através de tecnologias sociais de convivência com o Semiárido, tiveram a oportunidade de mudar suas vidas após serem beneficiados com as implementações do P1+2. Famílias como a de seu José Nivaldo e dona Nicinha que foram beneficiados com uma cisterna-calçadão e apresentou o manejo da palma forrageira e sua importância como fonte de proteína para os animais, aliado ao plantio de milho e feijão.

Segundo seu Nivaldo a palma forrageira é uma planta que gosta de sol, a forma mais correta de plantar é com a palma de frente para o sol, ela é fornecida aos animais passada na forrageira ou em forma de farelo. Dona Nicinha conta que antes da cisterna não tinha nenhuma planta no seu quintal e agora mostra com muito orgulho o pequeno quintal produtivo ao redor de sua cisterna que ela mantem uma pequena variedade de fruteiras e plantas medicinais todos ainda iniciando a produção aproveitando a água da cisterna. “O aprendizado é feito com uns com os outros e estar aqui é uma riqueza de conhecimentos, vou levar a palma pra plantar no meu quintal e multiplicar o que aprendi aqui”, comenta dona Maria do projeto de assentamento Favela, município de Mossoró.

Dona Anisia é exemplo para sua comunidade, com muita garra e um belo sorriso no rosto traz a perseverança de agricultora experiente já recebeu diversos intercâmbios para conhecer a sua história e seu quintal. Enfrentou as dificuldades e conta que depois que os técnicos do Centro Sabiá chegaram aprendeu sobre manejo da água, agroecologia e que isso ajudou a enfrentar os três anos de seca. Com a pouca água que tem da cisterna enxurrada aumentou a produção e a diversidade do seu quintal. Junto com a sua nora Lucia, elas uniram a cisterna-enxurrada e o barreiro-trincheira para complementar a renda com a produção em canteiros econômicos de hortaliças como cebolinha, coentro, cenoura e outros.

Durante o período de escassez, dona Lucia tem armazenado ao lado do barreiro, volumoso em silos, que consiste em uma boa alternativa para manter os animais durante o período mais seco do ano quando as pastagens naturais tornam-se cada vez mais pobres. A silagem consegue manter significativamente os nutrientes dos volumosos, mantendo-se uma boa alternativa para os animais.O intercâmbio foi marcado pela troca de saberes, que possibilitaram aos agricultores e agricultoras a vivência de experiências únicas de convivência com o Semiárido.

A visita ao sítio Tanque das Antas, no município de Santa Maria de Cambucá, foi na casa de Anselmo e sua família. Agricultor agroecológico que faz agricultura diferente das demais famílias utiliza composto orgânico, biofertilizantes e extratos naturais que melhoram o manejo do solo, protege as plantas contra pragas e doenças não contaminam os mananciais de águas e nem o meio ambiente. Na sua propriedade de três hectares Anselmo produz uma grande variedade de plantas, através do Programa Uma Terra e Duas Água (P1+2) conquistou uma cisterna-calçadão o que fortaleceu sua produção. Também foi contemplado com um viveiro de mudas comunitário para o uso comum, construído e mantido por agricultores e agricultoras e jovens do sítio.

Ele mostrou a produção de mudas nativas como baraúna, ipê, leucena, angico, acácia; frutíferas como acerola, seriguela, laranja, jaca, caju, maracujá, pinha, graviola; e de plantas medicinais como confrei, alcachofra, capim santo, eucalipto e mastruz. Segundo Anselmo, receber o intercâmbio interestadual foi de grande alegria poder mostrar um pouco do que ele tem no seu quintal, trocar experiências e multiplicar o conhecimento com todos.

 “Essa experiência é de grande importância para a gente e nos possibilita muito aprendizado. Aqui aprendi como cuidar melhor dos nossos canteiros, sem falar que numa visita como essa a gente abre mais a mente para outras coisas", conclui o agricultor Irailson Moisés da Silva, do projeto de assentamento Favela, município de Mossoró, no RN.

 Após visita de campo, a equipe fez um momento de avaliação das atividades realizadas durante o dia. Na oportunidade, as famílias avaliaram o momento como de grande aprendizado, visto que além de conhecerem os quintais produtivos cheios de vida das famílias, conheceram novas técnicas de plantio e conservação de forragens, aprenderam mais sobre os sistemas agroflorestais, valorização das plantas nativas e a multiplicação da agroecologia.
O intercâmbio faz parte do plano de trabalho do P1+2, realizado pela ASA, favorecendo a construção de saberes e a troca de experiências entre agricultores e agricultoras.

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