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O Projeto Sistemas Agrícolas Familiares Resilientes a Eventos Ambientais extremos no Contexto do Semiárido Brasileiro: alternativas para enfrentamento aos processos de desertificação e mudanças climáticas busca compreender as estratégias que as famílias dessa região utilizam para continuar produzindo mesmo em períodos de estiagem prolongada. Para o pesquisador-coordenador Victor Maciel, a ideia é saber como as tecnologias de convivência com o Semiárido, implementadas por iniciativa da ASA ou por iniciativa das próprias famílias, impactam suas vidas. “As atividades iniciaram com a sensibilização das organizações, das famílias e de demais parceiros dos territórios, sobre a importância e objetivos da pesquisa. Em seguida, foram feitas as primeiras caracterizações das famílias, a partir da análise dos agroecossistemas”, explica Victor. Desde o ano passado, um total de 10 pesquisadores-bolsistas acompanham 100 famílias em toda a região, a partir do suporte das instituições parceiras IRPAA (BA), CAA Norte de Minas (MG), CDJBC (SE), CDECMA (AL), Chapada (PE), Patac (PB), AS-PTA (PB), Sertão Verde (RN), Espaf (CE) e Cáritas PI (PI). Para Aldrin Perez-Marin, coordenador do projeto pelo INSA, a opção por um perfil multidisciplinar na composição da equipe se deve pela própria natureza da metodologia participativa, envolvendo especialistas de diversas áreas. Participam, assim, agrônomos, licenciados em Geografia, Biologia, Pedagogia e Educação do Campo, além de uma profissional da área de agroecologia. Um dos desafios da pesquisa é avançar no monitoramento dos impactos que os programas Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2) têm produzido nas famílias que convivem com o Semiárido. De acordo com Luciano Marçal, coordenador do projeto pela ASA, a medição de impactos realizada até então tem acontecido de forma recortada, abordando apenas alguns aspectos, e não a visão do todo dos programas. Além da abordagem de pesquisa mais sistêmica, espera-se inovar nesses processos para, além de buscar resultados, mobilizar as organizações da ASA e os próprios agricultores e agricultoras na geração de conhecimento, articulando a participação direta das famílias e das equipes das organizações que compõem a rede.
Outro aspecto importante para a ASA, ainda segundo Luciano, é influir nas abordagens das pesquisas acadêmicas, a partir da construção de uma relação mais permanente com as instituições. “O desafio é como a gente a partir dessa iniciativa pode fazer com que os institutos de pesquisa atuem de forma mais integradora e incorporem inovações não só no conteúdo, mas no método, que em geral é desvinculado dos beneficiários e parceiros”, defende. Aldrin concorda: “Trilhamos de um lado o saber acadêmico e do outro o conhecimento popular e o projeto está aqui para provar que é possível estar os dois juntos. Esse é um consenso entre o INSA e a ASA”.
Nesse sentido, essa é uma ação que fortalece as estratégias territoriais de gestão de conhecimento, mobiliza novas informações e produz subsídios para as pessoas repensarem suas próprias práticas, ajudando a mobilizar o conhecimento acumulado pelas experiências. “Com esse trabalho a gente pensa não só em monitorar os projetos da ASA, mas incorporar as trajetórias de inovação que se dão em diferentes territórios. A ideia nossa é monitorar o impacto na promoção da resiliência do sistema, ou seja, na capacidade dos sistemas de produção atravessarem e suportarem as perturbações provocadas pelo clima. Quanto mais resilientes são as propriedades, maiores as condições de manterem produtividade sem que o período de seca prolongada desestruture por completo a capacidade de produção de alimentos. Isso é importante pra gente porque a partir dessas informações se pode melhor interpretar junto às famílias os impactos que nosso trabalho produz e identificar novas possibilidades de aprimoramento das nossas ações. Isso tem valor pra alimentar o debate que estamos fazendo sobre convivência com as famílias como também permite projetar melhor os efeitos que o nosso trabalho com os agricultores tem tido no diálogo com as políticas públicas e na definição de agenda de pesquisas que possam enfrentar problemas ainda não-tratados”, finaliza Luciano. Saberes do Campo em debate – Um encontro iniciado na terça-feira (11) e que segue até a sexta-feira (14), em Campina Grande (PB), reúne pesquisadores e participantes do projeto, além de representantes das instituições envolvidas. O intuito é socializar o mapeamento dos estudos de caso realizado até agora em cada território, além de construir indicadores de sustentabilidade, para avaliar atributos como produtividade, equidade, resiliência, estabilidade e autonomia. Num segundo momento, os indicadores serão ajustados para cada território, junto às famílias agricultoras, numa proposta de pesquisa-ação, em que os próprios sujeitos das experiências participam diretamente de cada etapa. O projeto terá duração total de três anos. |
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Construção coletiva de saberes é foco de pesquisa sobre Semiárido
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