segunda-feira, 30 de novembro de 2015

“Analisando o El Niño, 2016 será mais um ano de seca no RN”, afirma meteorologista



O inverno no Estado, que acontece entre os meses de fevereiro a maio, pode estar seriamente comprometido. O alerta nada animador para o homem do campo é do setor de meteorologia da EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN, que acompanha a atuação do El Niño, que influencia diretamente no clima em várias regiões no mundo.

O portal MOSSORÓ HOJE entrou em contato com o meteorologista Gilmar Bistrot, da EMPARN, que fez uma previsão baseada na atuação do El Niño. O fenômeno meteorológico encontra-se na categoria de maior intensidade, e a região pode enfrentar o quinto ano seguido de estiagem. “Analisando dados, podemos afirmar que o fenômeno voltou a intensificar anomalia acima de 3 graus, o que pode trazer consequências como o aumento da temperatura”, disse.

Bistrot acrescenta ainda que dados mais precisos sobre o inverno na região só poderão ser analisados no mês de dezembro e início de janeiro, e faz um alerta: “Os modelos de previsão, todos eles no período chuvoso, podem trazer anomalias no Pacífico em torno de um grau e meio, e isso comprometerá todo o período chuvoso”.

Os dados mostram que, as chuvas permanecerão abaixo da média, e que mudanças neste cenário só dependerá do comportamento do Oceano Atlântico. “Estamos aguardando o comportamento do Oceano que pode acontecer alguns sistemas que trazem chuvas nesses meses, porém, não dá para fazer uma previsão mais precisa. Se tiver alguma mudança, será por conta do Atlântico que trará um cenário um pouco melhor em 2016”, frisou Bistrot.

Colapso

A seca no Estado atinge diretamente mais de 150 municípios. Segundo dados da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), são 17 municípios em colapso e outros 76 estão recebendo água em um sistema de rodízio.


Situação da Lagoa do Piató preocupa a população do Vale do Açu (Foto: Cezar Alves)


A questão se agrava por conta da baixa dos reservatórios do Estado, é o caso da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, que atualmente está com 24,88%, menos de 30% de sua capacidade total que é de 2,4 bilhões m/³.

A seca também preocupa o açude de Pau dos Ferros, que está abaixo de 1% da capacidade. Já em Upanema, o nível baixo da barragem de Umari afeta os pescadores da região. Em Acari, o nível do Açude Gargalheiras registrou o volume mais baixo da história.

Ações

O Governo do Estado vem adotando medidas para tentar reduzir os efeitos da seca. No dia 24 de setembro, o governador Robinson Faria assinou a renovação do decreto de situação de emergência por mais 180 dias nos municípios do Estado que sofrem com a estiagem prolongada.

Estão entre as medidas de enfretamento à seca, a ampliação do abastecimento por carros pipa, utilização de forragem para alimentar os animais, perfuração e instalação de poços, e o combate à praga Conchonilha Carmin, que atinge a palma forrageira.

A Secretaria de Recursos Hídricos e Agricultura, prevê um o investimento de R$ 64 milhões, oriundos do Ministério da Integração Nacional.

Já em Mossoró, as ações para amenizar os efeitos da estiagem na zona rural terão início em dezembro. Governo do Estado irá atuar na perfuração e limpeza de poços, construção de adutoras, além do conserto e manutenção de dessalinizadores, como ações a serem feitas nas regiões apontadas como prioritárias pela equipe da Prefeitura de Mossoró.

O município recebeu, no último dia 24, da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) a cessão de um poço profundo que atenderá mais de 600 famílias da zona rural. O equipamento, localizado na fazenda experimental Rafael Fernandes, tem uma vazão de mais de três mil litros cúbicos de água por hora.


Parceria entre Ufersa e Prefeitura garante abastecimento para 600 pessoas na zona rural (Foto: Raul Pereira)

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