Edilene Souza | Crédito: Arquivo pessoal
O Jeremias sempre foi um ótimo marido. Não chegava atrasado em casa, era carinhoso, parceiro e vivia me levando para passear. Só que, há dois meses, ouvi alguns comentários estranhos sobre ele e sua ex-mulhere comecei a ficar cismada. Meu esposo continuava o mesmo, mas passei a achar que ele estava tendo um caso com a Edna, pois sabia que o casamento deles era uma história mal resolvida. Mas como descobrir sem pagar de paranóica?
A ex-mulher dele morava no mesmo bairro que a gente…
Quando conheci o Jeremias, em 2010, fazia apenas um dia que ele estava oficialmente separado da Edna e morando na casa da mãe. Eu também havia acabado de terminar um namorico. Foi tudo muito rápido. No segundo encontro, já estávamos apaixonados! Um mês depois, ele se mudou para a minha casa. Minhas três filhas o receberam muito bem e o Jeremias também gostou delas. Nosso relacionamento ia de vento em popa, até que, em junho de 2014, alguns amigos em comum colocaram uma pulga atrás da minha orelha, com indiretas do tipo: “Você viu o jeito como a Edna e o Jeremias se olham?” É que ela morava no mesmo bairro que a gente e frequentava o mesmo clube, os mesmos bares… Passei três semanas vivendo um conflito interno muito grande: “Edilene, você está louca. Controle seu ciúme” ou “Edilene, é claro que ele está te traindo, dá um jeito nisso”. Vivia pensando em planos mirabolantes para descobrir a traição dele. Pensei em seguir o Jeremias depois que ele saísse do trabalho, em me esconder atrás de algum poste ou moita perto da casa dela e ficar na espreita… Cogitei até jogar um verde para tentar colher maduro, sem ter provas. Mas sabia que tudo isso era meio maluco e podia não dar certo.
Pelo chat, ela me deu os detalhes da traição…
Até que um dia, no final de junho, finalmente tive uma ideia que parecia boa: criar um perfil para o Jeremias no Facebook e adicionar a Edna. Foi o que fiz, mas não deu certo, porque ela sabia que eu certamente teria a senha dele e não aceitou o convite. Mas essa ideia inicial me fez pensar em uma estratégia melhor: criei um perfil falso com o nome Beto Rego, que inventei na hora, coloquei a imagem de um cara bonitão que peguei no Google, criei um álbum cheio de fotos dele e adicionei a Edna. Passei a chamá-la para bater papo no chat do Face e fomos ficando amigos. Conversávamos sobre tudo: gostos em comum, trabalho, amigos… Depois de uma semana, resolvi jogar uma conversa mole pra cima dela. Disse que estava interessado nela, mas que precisava saber tudo sobre seus relacionamentos atuais e anteriores antes de me entregar. Após mais três semanas de conversa, ela contou que estava saindo com o Jeremias. Pronto, peguei os safados! Foi mais fácil do que eu imaginava! Ela me deu todos os detalhes dos três encontros que eles tinham tido até então, inclusive na cama. Não tive dúvidas: na hora, já revelei minha identidade real.
Juntei os dois num bar para lavar a roupa suja cara a cara A Edna ficou tão transtornada quanto eu e começamos a nos xingar. Mas logo percebi que só conseguiria encontrar respostas para aquela traição se conversasse com ela civilizadamente. Ela concordou. Naquele mesmo dia, marcamos de nos ver no bar à noite. Entre uma cervejinha e outra, a Edna revelou que me considerava culpada pelo fim do relacionamento dela e, por isso, tinha decidido se vingar. Que bobagem! Falei que nunca saí com o Jeremias enquanto eles ainda estavam casados. No meio da conversa, olhei para o lado e vi a moto do sem-vergonha do meu marido parada no farol ao lado do bar. Não tive dúvidas: me levantei e fui chamar o salafrário para conversar com a gente. Antes de levá-lo até a mesa, falei poucas e boas: “Viu quem está ali? A Edna. Tua máscara caiu! Descobri tudo. Você me enganou!”. O Jeremias ficou verde e calado, com a maior cara de assustado. Fomos até a mesa e, enquanto eu e a Edna conversávamos, já meio bêbadas, meu marido continuava mudo.
Ele é um cafajeste, mas vale a pena!
Quando fomos embora para casa, ele me pediu perdão. Chorou e disse que tinha agido sem pensar, que tinha cedido à pressão dela. Jurou que nunca mais faria isso. Decidi perdoá-lo. Afinal, o Jeremias sempre foi um marido exemplar. Vivemos momentos de muita felicidade juntos. Estamos sempre passeando de moto, viajando, conhecendo novos lugares. Sou feliz ao lado dele e o amo muito. Não era justo condená-lo por um único erro. Decidi dar outra chance a ele. E manter o inimigo por perto! Isso mesmo: tenho o telefone da Edna e a gente se fala pelo WhatsApp de vez em quando. Já fui até a casa dela. A gente dá risada de tudo o que aconteceu! Sei que com ela o Jeremias não vai mais ter coragem de me trair. Mas confesso que não esqueci! E também não confio plenamente no meu marido. Quando discutimos, ainda jogo na cara dele a história da traição. É um jeito que encontrei de estar sempre certa! Mas não sou neurótica: não controlo os horários dele, não fuço no celular (só de vez em quando)… Me toquei que ser ciumenta tornaria minha vida um inferno. E não quero viver desse jeito. Então, toquei o barco. Hoje essa história já tem dois anos e nosso amor segue firme e forte, sem traições, só com desentendimento normais de casal. – Edilene Souza da Silva, 33 anos, dona de casa, Belém, PA.
Da redação
Conversar para entender a traição é o caminho Sair gritando, batendo portas e partindo para a agressão não é uma alternativa saudável mesmo quando o assunto é traição. “Numa situação como essa, a primeira coisa a ser feita é olhar para dentro de si e refletir: o que isso significa para mim? O que está acontecendo no meu relacionamento? O que pode ter feito isso acontecer?”, sugere a terapeuta Erica Aidar. Segundo ela, é preciso enxergar o problema como um todo e ter cuidado para não cair na perigosa armadilha da culpa: “Algumas pessoas tendem a acreditar que a traição é culpa da celulite, do peso extra, do ciúme exagerado… Não é! Por isso, é importantíssimo cuidar da autoestima nessa hora”. A especialista acredita que uma conversa franca e civilizada com o parceiro, para entender suas razões, é a melhor forma de tentar resolver a situação. Mas é preciso saber se você será capaz de perdoar e esquecer. “De nada adianta dar outra chance ao parceiro e viver uma vida cheia de desconfianças, falar sempre no assunto e usar a traição como um argumento para sempre ter razão. Isso não é perdoar. O perdão acontece quando você se dispõe a tentar reconstruir a confiança que se quebrou, botando uma pedra no assunto”, conclui.
UOL, via Revista Sou Mais EU
Blog do BG
fonte do blog de fernando a verdade
O Jeremias sempre foi um ótimo marido. Não chegava atrasado em casa, era carinhoso, parceiro e vivia me levando para passear. Só que, há dois meses, ouvi alguns comentários estranhos sobre ele e sua ex-mulhere comecei a ficar cismada. Meu esposo continuava o mesmo, mas passei a achar que ele estava tendo um caso com a Edna, pois sabia que o casamento deles era uma história mal resolvida. Mas como descobrir sem pagar de paranóica?
A ex-mulher dele morava no mesmo bairro que a gente…
Quando conheci o Jeremias, em 2010, fazia apenas um dia que ele estava oficialmente separado da Edna e morando na casa da mãe. Eu também havia acabado de terminar um namorico. Foi tudo muito rápido. No segundo encontro, já estávamos apaixonados! Um mês depois, ele se mudou para a minha casa. Minhas três filhas o receberam muito bem e o Jeremias também gostou delas. Nosso relacionamento ia de vento em popa, até que, em junho de 2014, alguns amigos em comum colocaram uma pulga atrás da minha orelha, com indiretas do tipo: “Você viu o jeito como a Edna e o Jeremias se olham?” É que ela morava no mesmo bairro que a gente e frequentava o mesmo clube, os mesmos bares… Passei três semanas vivendo um conflito interno muito grande: “Edilene, você está louca. Controle seu ciúme” ou “Edilene, é claro que ele está te traindo, dá um jeito nisso”. Vivia pensando em planos mirabolantes para descobrir a traição dele. Pensei em seguir o Jeremias depois que ele saísse do trabalho, em me esconder atrás de algum poste ou moita perto da casa dela e ficar na espreita… Cogitei até jogar um verde para tentar colher maduro, sem ter provas. Mas sabia que tudo isso era meio maluco e podia não dar certo.
Pelo chat, ela me deu os detalhes da traição…
Até que um dia, no final de junho, finalmente tive uma ideia que parecia boa: criar um perfil para o Jeremias no Facebook e adicionar a Edna. Foi o que fiz, mas não deu certo, porque ela sabia que eu certamente teria a senha dele e não aceitou o convite. Mas essa ideia inicial me fez pensar em uma estratégia melhor: criei um perfil falso com o nome Beto Rego, que inventei na hora, coloquei a imagem de um cara bonitão que peguei no Google, criei um álbum cheio de fotos dele e adicionei a Edna. Passei a chamá-la para bater papo no chat do Face e fomos ficando amigos. Conversávamos sobre tudo: gostos em comum, trabalho, amigos… Depois de uma semana, resolvi jogar uma conversa mole pra cima dela. Disse que estava interessado nela, mas que precisava saber tudo sobre seus relacionamentos atuais e anteriores antes de me entregar. Após mais três semanas de conversa, ela contou que estava saindo com o Jeremias. Pronto, peguei os safados! Foi mais fácil do que eu imaginava! Ela me deu todos os detalhes dos três encontros que eles tinham tido até então, inclusive na cama. Não tive dúvidas: na hora, já revelei minha identidade real.
Juntei os dois num bar para lavar a roupa suja cara a cara A Edna ficou tão transtornada quanto eu e começamos a nos xingar. Mas logo percebi que só conseguiria encontrar respostas para aquela traição se conversasse com ela civilizadamente. Ela concordou. Naquele mesmo dia, marcamos de nos ver no bar à noite. Entre uma cervejinha e outra, a Edna revelou que me considerava culpada pelo fim do relacionamento dela e, por isso, tinha decidido se vingar. Que bobagem! Falei que nunca saí com o Jeremias enquanto eles ainda estavam casados. No meio da conversa, olhei para o lado e vi a moto do sem-vergonha do meu marido parada no farol ao lado do bar. Não tive dúvidas: me levantei e fui chamar o salafrário para conversar com a gente. Antes de levá-lo até a mesa, falei poucas e boas: “Viu quem está ali? A Edna. Tua máscara caiu! Descobri tudo. Você me enganou!”. O Jeremias ficou verde e calado, com a maior cara de assustado. Fomos até a mesa e, enquanto eu e a Edna conversávamos, já meio bêbadas, meu marido continuava mudo.
Ele é um cafajeste, mas vale a pena!
Quando fomos embora para casa, ele me pediu perdão. Chorou e disse que tinha agido sem pensar, que tinha cedido à pressão dela. Jurou que nunca mais faria isso. Decidi perdoá-lo. Afinal, o Jeremias sempre foi um marido exemplar. Vivemos momentos de muita felicidade juntos. Estamos sempre passeando de moto, viajando, conhecendo novos lugares. Sou feliz ao lado dele e o amo muito. Não era justo condená-lo por um único erro. Decidi dar outra chance a ele. E manter o inimigo por perto! Isso mesmo: tenho o telefone da Edna e a gente se fala pelo WhatsApp de vez em quando. Já fui até a casa dela. A gente dá risada de tudo o que aconteceu! Sei que com ela o Jeremias não vai mais ter coragem de me trair. Mas confesso que não esqueci! E também não confio plenamente no meu marido. Quando discutimos, ainda jogo na cara dele a história da traição. É um jeito que encontrei de estar sempre certa! Mas não sou neurótica: não controlo os horários dele, não fuço no celular (só de vez em quando)… Me toquei que ser ciumenta tornaria minha vida um inferno. E não quero viver desse jeito. Então, toquei o barco. Hoje essa história já tem dois anos e nosso amor segue firme e forte, sem traições, só com desentendimento normais de casal. – Edilene Souza da Silva, 33 anos, dona de casa, Belém, PA.
Da redação
Conversar para entender a traição é o caminho Sair gritando, batendo portas e partindo para a agressão não é uma alternativa saudável mesmo quando o assunto é traição. “Numa situação como essa, a primeira coisa a ser feita é olhar para dentro de si e refletir: o que isso significa para mim? O que está acontecendo no meu relacionamento? O que pode ter feito isso acontecer?”, sugere a terapeuta Erica Aidar. Segundo ela, é preciso enxergar o problema como um todo e ter cuidado para não cair na perigosa armadilha da culpa: “Algumas pessoas tendem a acreditar que a traição é culpa da celulite, do peso extra, do ciúme exagerado… Não é! Por isso, é importantíssimo cuidar da autoestima nessa hora”. A especialista acredita que uma conversa franca e civilizada com o parceiro, para entender suas razões, é a melhor forma de tentar resolver a situação. Mas é preciso saber se você será capaz de perdoar e esquecer. “De nada adianta dar outra chance ao parceiro e viver uma vida cheia de desconfianças, falar sempre no assunto e usar a traição como um argumento para sempre ter razão. Isso não é perdoar. O perdão acontece quando você se dispõe a tentar reconstruir a confiança que se quebrou, botando uma pedra no assunto”, conclui.
UOL, via Revista Sou Mais EU
Blog do BG
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