segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Avaliação negativa do governo reforça discurso da oposição por eleições antecipadas





Agência O Globo

A oposição ao governo do presidente Michel Temer, em especial o PT, vai utilizar o resultado negativo da pesquisa Datafolha deste domingo para reforçar o discurso de que a atual gestão não tem legitimidade e defender eleições. Já a avaliação entre os aliados de Temer é que a pesquisa – com 51% de reprovação ao governo – reflete um momento marcado pela rejeição a medidas como a reforma da Previdência.

Dentro do Palácio do Planalto, o próprio presidente Temer tem reclamado da dificuldade de o governo conseguir explicar a medida. Na sexta-feira, em sua primeira viagem ao Nordeste, Temer reclamou com parlamentares da má comunicação do governo e adotou um tom mais enfático. Politicamente, a desaprovação em pesquisa do Datafolha não poderia ter sido pior, pois coincidiu com as denúncias da cúpula da Odebrecht contra Temer e a cúpula do PMDB, além políticos de outros partidos.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que a pesquisa mostra que o governo Temer não tem legitimidade. Já há em discussão no Congresso Propostas de Emenda Constitucional (PEC) viabilizando eleição presidencial, caso houvesse renúncia do presidente do vice. A presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment, e Temer, que era vice, assumiu definitivamente como mandatário do país. Além disso, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, tem defendido a proposta de eleições gerais. Na semana passada, ele esteve em Brasília conversando com as bancadas da Câmara e do Senado sobre isso.

– Acho que essa pesquisa representa o que se sente no dia-a-dia. É um governo sem legitimidade, rejeitado pela população. E esse resultado coloca com mais razão o tema das eleições, de eleição presidencial – disse Humberto Costa.

Para o líder do PT no Senado, o governo Temer não tem condições de aprovar medidas como a PEC do Teto, como quer o Planalto na terça-feira. Mas ele admite que o governo tem maioria para aprovar a PEC, em segundo turno.

Do lado do governo, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), disse que a pesquisa reflete um momento no qual as pessoas ainda não compreenderam os benefícios que trarão a PEC do Teto e a reforma da Previdência.

– A pesquisa reflete o momento, mas o governo está fazendo aquilo que é obrigado a fazer. E as pessoas não estão percebendo o alcance positivo que virá. Como as medidas ainda não produziram os resultados robustos que produzirá, isso não passa para a sociedade – disse Agripino.

O presidente do DEM acredita ainda que o governo erra na comunicação.

– A opinião de que a comunicação é ruim tem sido recorrente na reunião com os vários líderes. Tem que ser mais eficiente – disse Agripino.

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse que a pesquisa reflete os desencontros iniciais da gestão Temer e a dificuldade do país em retomar o crescimento econômico. Ele cita o desgaste com a demissão do ex-secretário de Governo Geddel Vieira Lima.

– É uma pesquisa que reflete todos os desencontros que tomaram conta de todas as instâncias de poder. Isso tudo vem contaminando e junta com a impotência de o país voltar a crescer – disse Rubens Bueno.

– O Temer leva pancada todos os dias, da manhã à noite. Quem resiste? A pesquisa só poderia refletir isso – resumiu o líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM).

No mesmo dia da divulgação da pesquisa, mas em referência às denúncias apresentadas pelo ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, em acordo de delação premiada, a bancada do PT na Câmara pediu, neste domingo, a renúncia do presidente Michel Temer e a convocação imediata de eleições diretas para presidente da República. Para os deputados petistas, Temer não tem legitimidade e nem capacidade para administrar o país.

“Além de ter assumido o posto de chefe de Estado através de um golpe parlamentar, Michel Temer se mostrou inepto para conduzir os rumos do País, tanto na área político-administrativa quanto na esfera econômica”, sustentam os deputados em nota. Para eles, a ” extensa sequência de denúncias e fatos que demonstram o envolvimento do seu governo – inclusive com recorrente participação direta sua – em vários episódios de corrupção deixam explícita a total falta de condições para a continuidade deste governo”.

A delação de Melo Filho está centrada em líderes do PMDB, entre eles Temer. Mas atinge petistas também, entre eles o ex-governador da Bahia Jaques Wagner. Na nota, os deputados protestam contra as medidas econômicas adotadas pelo governo federal como a PEC do teto de gastos, a venda de ativos da Petrobras e as reformas da Previdência e do Ensino Médio. Os deputados do PT dizem que não são golpistas, mas alegam que a delação de Filho não deixam outra saída para Temer.

“A robusta delação premiada de um dos executivos da Odebrecht, já de conhecimento público, ainda que tal instrumento não possa ser utilizado como prova condenatória única e definitiva no processo judicial, expõe os vínculos profundos de toda a cúpula do governo Temer com o esquema de favorecimento de empresas privadas na obtenção de contratos com o Estado brasileiro”, diz o texto.

fonte do blog de angicos news

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