De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos cerca de 555 mil candidatos aos cargos de prefeito, vice e vereador nas eleições municipais de 2020, quase 38 mil declararam ser agricultores. Na proporção, a profissão parece ter participação pequena: representa menos de 7% dos candidatos.
Mas essa é a ocupação mais declarada entre os concorrentes das eleições municipais de 2020. Para Lávio Britto cientista político, um cenário que pode ser explicado por fatores históricos e econômicos.
“O Brasil, apesar de ser hoje, um pais industrializado, ele foi por muitos anos um país que a economia que imperava em todo cenário era da agricultura e pecuária. Com a modernização a agricultura continua tendo também seu papel fundamental. Então, sendo um país continental onde a agricultura tem sua força na economia é natural que nos grande rincões do nosso pais nós tenhamos vários candidatos, a vereador especificamente, e também a vice-prefeito – em numero menor – e a prefeito que tenham uma ligação com o setor agropecuário, seja da agricultura de subsistência até os grandes produtores rurais”.
“O seguimento da agropecuária tem uma força muito evidente tanto na economia e esses egressos dessa atividade de agropecuária certamente vão ter um olhar diferenciado quando forem ocupar os cargos públicos e ter uma politica não só em relação aos centros urbanos, mas ao interior e ao homem do campo que é o grande produtor de alimentos para nossa nação e para exportação”, disse Britto.
As informações divulgadas pelo TSE também trazem outros dados como idade, gênero e cor. A partir delas é possível formar uma espécie de perfil mais popular de candidatos dessas eleições. Segundo as estatísticas, esse candidato seria um homem, branco, casado, com idade entre 40 e 44 anos e com ensino médio completo.
Para o presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura (Contag), Aristides Santos, é necessário que haja mais diversificação entre candidatos. “Se considerar proporcionalmente o tamanho de cada setor, se eu separasse os pequenos – que nós chamamos de agricultores familiares -, dos médios e dos grandes, com certeza dos médios para os grandes vai ter um contingente maior. Então a gente precisa ter uma política no Brasil, ter uma realidade dos poderes executivo e legislativo, com uma presença mais diversificada de toda a sociedade”, afirma ele.
Quanto mais representantes do agro na vida política, a tendência é de que o setor possa ter mais demandas atendidas. “A educação, por exemplo, os currículos, o modelo de educação do país tem muito mais a ver com área urbana do que com a área rural, mesmo quando o rural tinha mais gente do que tem hoje. Depende da concepção de como vc vê a cidade, as relações como um todo. Então, essa participação de quem tá no campo, vinculado com a agricultura seja familiar, media ou grande, ela serve pra dar equilíbrio com outras categorias e trabalhar melhor e valorizar o campo que é sempre importante”, explica Aristides Santos.
FONTE: Canal Rural - Paola Cuenca, de Brasília
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