quinta-feira, 22 de junho de 2017

Ministério Público Federal denuncia Henrique Alves e Eduardo Cunha por corrupção passiva e lavagem de dinheiro



O Ministério Público Federal (MPF) do Rio Grande do Norte denunciou na noite desta quarta-feira (21) os ex-presidentes da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Eduardo Cunha(PMDB-RJ) por prática continuada dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o MPF, juntos eles receberam R$ 11,5 milhões em propina de 2012 a 2014.


As defesas dos dois ex-deputados do PMDB afirmaram ao G1 que não iam comentar a denúncia, porque ainda não tiveram acesso à peça judicial (leia abaixo o que disseram os acusados).


Os dois ex-deputados – que estão presos – são acusados pelos procuradores da República de terem recebido propinas disfarçadas de doações eleitorais, oficiais e não oficiais. Em troca do suborno, afirma o MPF, eles teriam atuado para favorecer empreiteiras como OAS e Odebrecht nas obras da Arena das Dunas, em Natal, uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.


Além dos dois peemedebistas, o MPF também denunciou, no mesmo processo, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, o ex-dirigente da Odebrecht Fernando Reis e mais duas pessoas supostamente ligadas a Henrique Alves, que foi ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer.


Os outros dois denunciados pelo MPF no processo da Manus são Carlos Frederico Queiroz Batista da Silva, aliado político de Henrique Alves, e o publicitário Arturo Silveira Dias de Arruda Câmara, cunhado do ex-ministro do Turismo.


Os seis foram investigados pela Operação Manus, um desdobramento da Lava Jato. A denúncia, de 89 páginas, pede que os acusados sejam, ao final da ação, condenados ao pagamento de R$ 15,5 milhões por danos materiais e morais para ressarcir os crimes que cometeram.


Para virar ação penal, a denúncia precisa ser recebida pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte. Não há previsão de quando o juiz responsável pelo caso irá analisar a acusação do MPF.


O Ministério Público quer que Eduardo Cunha – que está preso em Curitiba desde outubro em razão de investigações da Lava Jato – responda por 11 crimes de corrupção passiva e 11 operações de lavagem de dinheiro na denúncia da Manus. O deputado cassado já foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 15 anos de prisão por crimes relacionados ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras.


Já Henrique Alves – que está detido em Natal – é acusado nesta denúncia de ter cometido 12 crimes de corrupção passiva e 12, de lavagem. Em entrevista à imprensa, procurador federal Rodrigo Telles, que assina a denúncia, disse que Alves manteve influência no governo mesmo após deixar o Ministério do Turismo, em junho de 2016. “Foi apreendido celular de Henrique Alves, e foram encontradas diversas mensagens já de 2017 com indícios de prática de tráfico de influência em diversos ministérios.”


Um dos delatores da Lava Jato, Léo Pinheiro foi acusado pelos procuradores da República de ter cometido sete vezes o crime de corrupção ativa e oito o de lavagem de dinheiro.


Ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis é acusado de um crime de corrupção ativa e um, de lavagem. No entanto, como o ex-dirigente da Odebrecht também fechou delação premiada com a Lava Jato, o MPF quer que a pena dele seja substituída pelas punições prevista no acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).


Carlos Frederico Silva é acusado pelos procuradores da República de lavagem de dinheiro e de integrar organização criminosa.


Cunhado de Henrique Alves, Arturo também foi denunciado por lavagem e organização criminosa.


Henrique Alves, Eduardo Cunha, Léo Pinheiro e Fernando Reis não foram denunciados por organização criminosa, segundo o MPF, porque já são investigados ou respondem pelo mesmo crime em outras instâncias.


Os procuradores pediram à Justiça Federal do Rio Grande do Norte para que a ação penal seja aberta e que sejam ouvidos como testemunhas de acusação diversos delatores da Lava Jato, como, por exemplo, o empresário Marcelo Odebrecht.


O advogado Pedro Ivo, que defende Eduardo Cunha, afirmou que ainda não teve acesso à denúncia. O defensor, entretanto, ressaltou que o deputado cassado “nega peremptoriamente” as acusações.


Responsável pela defesa de Henrique Alves, o criminalista Marcelo Leal disse que não vai se pronunciar porque ainda não teve acesso à denúncia.


O criminalista Artêmio Azevedo, que está à frente da defesa de Arturo, destacou que, na visão dele, “estão distorcendo os fatos” como se os valores recebidos pelo cliente dele fossem para lavagem de dinheiro.


“O serviço foi prestado. Ele é um publicitário reconhecido e toda ligação que Arturo tem com a campanha de 2014 é tão somente de trabalho publicitário realizado na campanha. O que a gente vai demonstrar é que o serviço foi efetivamente prestado, e nós temos muitas prova, notas fiscais, documentos e vamos apresentar tudo isso nos autos”, declarou o advogado.

De acordo com a denúncia do MPF, Eduardo Cunha e Henrique Alves atuaram em conjunto com empreiteiros, entre 2012 e 2015, em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Natal.


Os procuradores da República relatam na peça judicial que os dois peemedebistas formaram um “grupo criminoso”, com divisão de tarefas, principalmente com Léo Pinheiro e Fernando Reis.


A investigação do Ministério Público aponta que o objetivo do “grupo criminoso” liderado por Cunha e Alves era “obter vantagem financeira das empresas mediante doações eleitorais oficiais e não oficiais”. Em troca, ofereciam aos empresários atuação em favor dos interesses das empreiteiras, “praticando crimes de corrupção e lavagem de dinheiro”.


“No comando do grupo, formando seu núcleo político, encontravam-se os ex-deputados federais [Alves e Cunha], que recebiam propina e atuavam em favor de empreiteiras; em nível intermediário, formando o núcleo econômico do grupo, situavam-se os empresários e executivos representantes de empreiteiras, que pagavam propina e eram contempladas com favores dos então parlamentares; em instância inferior, compondo o núcleo financeiro ou operacional, localizavam-se os responsáveis pelo aperfeiçoamento do processo de lavagem do dinheiro ilícito, por meio de prestações de contas em campanhas eleitorais”, diz trecho da denúncia.


De acordo com a acusação, as doações oficiais e não oficiais totalizaram 11,5 milhões aos dois ex-deputados do PMDB.


A denúncia destaca ainda que, em 2013, o ex-ministro do Turismo solicitou que a OAS repassasse ao menos R$ 4 milhões aos clubes de futebol potiguares ABC e América de Natal. Conforme o MPF, a empreiteira desembolsou R$ 2 milhões para cada uma das agremiações esportivas para fechar contratos de utilização da Arena das Dunas.


As doações oficiais aos dois ex-presidentes da Câmara, observa outro trecho da denúncia, foram feitas por meio do diretório nacional do PMDB e do diretório do PMDB no Rio Grande do Norte, dentro e fora do período eleitoral.


Em contrapartida, ressaltam os procuradores da República, Cunha e Alves atuaram em vários interesses da OAS: mudanças para evitar restrição à participação da empresa na privatização dos aeroportos do Galeão e de Confins; rolagem de dívida com o município de São Paulo; superação de entraves para financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na Arena das Dunas.

Sobre a Odebrecht, a denúncia aponta promessa de privatização da Companhia de Água e Esgoto do Rio Grande do Norte (Caern). A Odebrecht Ambiental, empresa que, à época, era presidida por Fernando Reis, pagou propinas a políticos, em diversas regiões do país, para garantir a privatização de serviços de água e esgoto. Para Henrique Alves, foram destinados R$ 2 milhões em caixa 2.

fonte do blog de angicos news

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